terça-feira, 12 de abril de 2016

Um Riso Debochado


Eu estava internado numa ala do Hospital de Pronto Socorro. Pneumotórax. Um cano entre as costelas. Morfina. Alguém da minha família teve a dignidade de me trazer um radinho de pilha. Não lembro mais muita coisa desse período. Sei que faz um tempo.

Sei que liguei o rádio para ouvir Grêmio x Paraná. Era fim de segundo tempo quando Tavarelli, goleiro gremista, tomou um frango. 1x0 Paraná. O jogo acabou. O narrador bradava impropérios. “O Grêmio é grande demais para esse vexame!”. No pós-jogo, os torcedores gremistas que foram até o Curitiba espumavam aos repórteres. Outros, quando iam começar um discurso, choravam copiosamente. Sofriam com a sombra da segunda divisão.

Eu, pesando 73 quilos, estirado naquela maca fria e rodeado de homens debilitados, sorria. Sem força. Um riso sem som. Mas um riso debochado.

O futebol é fascinante.


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