quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O Ano dos Mortos Ganha Capa


Meu segundo livro começa a tomar forma. A capa tá lindona (e como no primeiro, diz muito sobre a história). Logo, logo vai pra rua. A editora é a Bartlebee.


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Se Tem Água Em Marte


Se tem água, certamente tem escritor independente em Marte
Se tem água, tem gráficas que fazem descontos para escritores e editoras independentes em Marte
Se tem água, tem panelinhas de escritores em Marte
Se tem água, tem feiras literárias em Marte

Se tem água, é possível que tenha leitores em Marte
Mas não há comprovação científica sobre isso

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

As Primeiras Frases De Livros Que Ainda Não Li



Tenho a sorte de ter uma fila de livros para ler. Não é fácil escolher qual será a próxima leitura. Mas faço assim: quando encerro um, tenho o hábito de ler a primeira frase dos que estão na espera. Não é um grande parâmetro, porém, ajuda na escolha.

Estas são as primeiras frases dos livros que estão na fila.

“Foley nunca tinha conhecido uma prisão onde fosse possível andar até a cerca sem levar um tiro”. Irresistível Paixão – Elmore Leonard 

“Toda vez que recebiam um telefonema do hospital de leprosos para pegar um cadáver, Jack  Delaney começava a se sentir gripado ou algo assim”. Bandidos – Elmore Leonard 

"Ninguém lhe prestou maior atenção, pois naquele local e hora – uma esquina da avenida principal da cidade: oito da noite – ele era apenas uma das muitas centenas de criaturas humanas que se moviam nas calçadas”. Noite – Erico Verissimo 

“Ao longo dos meus dez anos de exílio, um sonho acompanhou-me de tempos em tempos, intermitente”. Memórias do Esquecimento – Flávio Tavares 

“Para se tornar o que chamamos de “uma estrela”, não basta ter um talento único em uma ou outra manifestação artística: parece ser preciso também um vácuo interior tão negro e profundo quanto o brilho de uma estrela”. Mick Jagger (biografia) – Phillip Norman 

“Trepei com Joana cinco vezes e sem camisinha, o que me deixou orgulhoso e envaidecido – a princípio mais pela quantidade que pela aproximação”. Joana a Contragosto – Marcelo Mirisola 

“Na beira da viela que dá para a Rua Vernon, um gato cinzento esperava uma grande ratazana sair de sua toca”. A Lua na Sarjeta – David Goodis 

“Foi no verão de 1998 que meu vizinho Coleman Silk – que até se aposentar, dois anos antes, fora professor de letras clássicas na Faculdade Athena por vinte e tantos anos, além de atuar por mais dezesseis anos como decano – confidenciou-me que, aos setenta e um anos de idade, estava tendo um caso com uma faxineira de trinta e quatro que trabalhava na faculdade”. A Marca Humana – Phillip Roth

“Quando Dolan recebeu a chamada para se apresentar na sala do editor-chefe , sabia que isso significava o fim, e durante todo o tempo em que subiu as escadas, só ruminava uma ideia: já não havia mais colhões no jornalismo atual”. Mortalha Não Tem Bolso – Horace McCoy

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A Hora e a Vez dos Clássicos: O Estrangeiro - Albert Camus

Autor de A Peste, O Mito de Sísifo, entre outros

O ESTRANGEIRO
Albert Camus

I

Hoje morreu a minha mãe. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo:
"Sua mãe falecida: Enterro amanhã. Sentidos pêsames".
Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
O asilo de velhos fica em Marengo, a oitenta quilômetros de Argel. Tomo o ônibus das duas horas e chego lá à tarde. Assim, posso passar a noite a velar e estou de volta amanhã à noite.
Pedi dois dias de folga ao meu chefe e, com um pretexto destes, ele não mos podia recusar. Mas não estava com um ar lá muito satisfeito.
Cheguei mesmo a dizer-lhe "A culpa não é minha". Não respondeu. Pensei então que não devia ter dito estas palavras. A verdade: é que eu não tinha que me desculpar: Ele é que tinha de me dar pêsames. Mas com certeza o fará, depois de amanhã, quando me vir de luto. Por agora é um pouco como se a mãe não tivesse morrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso arrumado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Quando o Tempo Não Doía


Viviam a fase que o amor é um assombro. Cada descoberta, cada coincidência, era um regojizo. "Faraco é muito foda!", "Não entendo quem acha Beatles melhor que Stones". "O quê o De Niro tá fazendo?!". Os dias não doíam. Eles soltavam lugares-comuns sem medo de parecerem ridículos. Passeavam no parque só para matar o tempo entre uma foda e outra - não porque estavam entediados, como todo mundo faz.

Se fosse permitido auscultar o coração deles, daria para ouvir uma canção da Marisa Monte.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Amigo Em Dúvida


- Doo 10% do meu salário pra igreja e limpo a minha barra com Deus ou sigo investindo 100% na perdição?

E olhou pra mim, aguardando uma resposta. Estou até agora sem saber o que dizer.

domingo, 13 de setembro de 2015

Versinho Perdido


A casa toda escura. Só eu, tateando coisas e tentando ver com a luz da tela de um aparelho celular. Tropecei na gata preta - uma ruana que agora vive comigo. Acertei a quina da cama com o dedo mínimo do pé esquerdo. Gemi quase calado. Tentei, sem sucesso, não acordar minha esposa, que tinha compromisso importante na manhã seguinte. - Te aquieta! - ela disse. Enfim, quando consegui me recompor - prestes a tomar a caneta sobre o criado-mudo -, perdi o verso em algum canto da memória. Uma estrofe hermosa que me surgiu enquanto escovava os dentes numa noite que faltou luz...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Virose à Venda na Amazon


Ainda espero novidades para este ano. Mas, enquanto isso, dou o toque que Virose (Bartlebee Livros, 2013) está à venda na Amazon.

O preço é justo, R$28 + frete.

Dá comprar neste link - http://www.amazon.com.br/Virose-Lucas-Barroso/dp/8564914220 


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Toda Aquela Inevitável Pressa De Te Dizer Nada, de Adalberto Souza - Uma Apresentação


Tive o prazer de fazer o texto de apresentação do mais recente livro do poeta Adalberto Souza, Toda Aquela Inevitável Pressa De Te Dizer Nada (Buqui, 2015). Ele é de Maceió, autor de "Contando Solidões”, “Fantasmas não andam de montanha russa” e do premiado “Das coisas que esquecemos pelo caminho”, Prêmio Lego (UFAL/2011).

Abaixo, o texto que montei após ler o livro em primeira mão.


O título, Toda Aquela Inevitável Pressa em Te Dizer Nada, já diz um pouco sobre a essência do mais recente livro de Adalberto Souza. É uma conversa urgente. Um bate-papo necessário entre amigos, que a correria dos dias, muitas vezes, acaba nos sonegando. Então, nada mais lógico que convidar outros escritores-amigos para participar dessa roda. Cada um contribuiu com um verso, que serve como apresentação de um novo capítulo das tantas histórias que Adalberto conta em cada um de seus poemas. 

É um livro escancaradamente íntimo, como toda poesia boa deve ser. Um diálogo com o leitor, que certamente vai se enxergar nas diversas cenas e cenários que o autor constrói. Na solidão e no louvado desespero que ecoam pelas páginas. Na porção de amores não correspondidos. Nos porta-retratos – alguns sem fotografia, emoldurando o vazio. Nas oferendas que o mar não recebeu. Afinal, como ele mesmo diz, “qualquer semelhança com a fantasia será mera realidade”. 

Adalberto Souza tem alguns diferenciais. Só ele junta Madonna e Cauby Peixoto e faz tudo parecer natural. Só ele dança valsa em pleno carnaval pernambucano sem parecer ridículo, porque ele percebe e cata o erudito de tudo que está em nossa volta. Inclusive, das coisas aparentemente pequenas, como um pedaço de Bombril na antena da televisão. Seria para melhorar a imagem do mundo? Ou para ver a fantasia melhor? Adalberto sabe que poesia é olhar. Poesia é desformatar o olhar. Simples assim. Se você chegar bem perto dos versos, aposto que vai escutar até o que ele não disse.

Entretanto, esse exercício está longe de ser algo fácil de colocar em prática. Adalberto caça palavras, busca a certa e faz música, crônicas, frases de para-choque de caminhão, obituários e, se nada der certo, ele vai até o setor de achados e perdidos da Rodoviária. Lá, entre trecos inúteis de uma utilidade urgente, alguém certamente deixou um belo verso pra trás. E poesia é isso: essa arqueologia do banal, do corriqueiro. 

Poesia, meu amigo, é o que Adalberto sabe fazer. 

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O livro tem 121 poemas. Separei dois. 

25

Sua vida
é uma
obra
de
ficção.

Qualquer
semelhança
com
a
fantasia
será
mera
realidade.



78

Transitava
entre
gêneros
literários.

Dizia
ser
poeta,
mas 
escrevia
somente
obituários.


Mais informações no site da editora - www.buqui.com.br.

sábado, 5 de setembro de 2015

O Vasto Mundo de Moacir Scliar e Uma Alegoria da Velhice


Sempre admirei a produtividade de Moacir Scliar. Um livro atrás do outro, um livro atrás do outro até o fim. Nunca o achei um fora de série. O motivo pode ser exatamente a sua virtude: com uma vasta produção é impossível acertar sempre. Contudo, Scliar tem algumas belas obras em sua bibliografia.

A Guerra do Bom Fim (1997, editora LPM) é um exemplo. Em certo trecho da narrativa, ele constrói uma bela alegoria do que imagino seja o significado - um deles - de envelhecer. Para falar sobre o tempo, o autor conta a breve história da égua conhecida como Maliciosa. Scliar encerra assim:

"No Bom Fim a égua envelhece e perde o deboche. Puxa com resignação a charrete de Samuel. Mas seus olhos não perderam o antigo brilho; e à noite sonha com centauros".

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Antônio Abujamra declama Jorge Luís Borges



O escritor vive. Ninguém é escritor das oito ao meio-dia e das duas às seis. Quem é poeta é poeta sempre, e se vê continuamente assaltado pela poesia. Assim como o pintor é assediado pelas cores e pelas formas, assim como o músico se sente procurado pelo estranho mundo dos sons, o escritor deve pensar que tudo é argila, com que fará da miserável circunstância de nossa vida alguma coisa que possa aspirar à eternidade.


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Uma Utopia Para o Ensino Superior Público


Comecei numa creche municipal de praça e segui pelo primeiro e segundo graus em escolas públicas. Por que na hora de alcançar o ensino superior eu fui barrado? Volta e meia, quando leio, ouço ou vejo debates sobre Educação, penso nisso. Penso na minha trajetória. Os vestibulares das universidades públicas são um filtro absurdo, que só excluem seus próprios alunos.

Não fiz cursinhos pré-vestibulares. Simplesmente saí do Colégio José Cândido de Godói e tentei fazer uma prova, com muitos temas que não me foram apresentados. Não fui aprovado, como era de se esperar. Como não teria tempo, nem condições financeiras de insistir na universidade pública, encontrei a Unisinos. Um ótimo ambiente, onde conheci grandes professores e amigos. E há seis anos me formei em Jornalismo. O curso, para mim, durou sete anos e meio.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

(+18) O Adestrador de Cães - Conto Publicado na Revista Sexus


Já tá na rua a sétima edição da tradicional Revista Sexus. Tem muita gente boa participando. Contos, poemas, ensaio fotográficos... É da pesada. Se você tem mais de 18, indico. Participo com um conto, O Adestrador de Cães.

Separei um trecho.

Tentei alguns movimentos desastrados e ela disse que meu tempo acabou. Se seguisse, dali em diante seria cobrado um adicional. Eu tentei barganhar, tinha pouco dinheiro, poderia dar mais alguma coisa, mas precisaria ainda de uma grana para tomar um táxi e ir pra casa. Àquela altura, meus pais já deviam estar preocupados. Ela parecia estar pensando na proposta, quando o cafetão deu três murros na porta do quarto do motel. Avisou, com um certo atraso, que o tempo tinha encerrado. Queria saber o que seria dali em diante. Eu me vesti rápido e dei um grito tímido, dizendo que já estava de saída. A corrida de táxi pareceu ter demorado uma eternidade.

Para ler o resto, só clicar no link ao lado: Revista Sexus 7 edição