terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Uma História Romântica


No jantar, trocamos poucos olhares e palavras. Falei que o ambiente estava muito barulhento. “E a comida não é grande coisa”, ela completou. Paguei a conta. Ela não agradeceu. Cruzamos a avenida Independência numa quietude de mosteiro. O amor destrói a gente, pensei. Essa cena seria inadmissível há 10 anos. Poderia, a partir dessa lembrança, desandar a falar sobre o peso dos dias, colocando a culpa de tudo neles. Também poderia deixar bem claro o que ela representou para mim, ressaltando que os momentos que passamos serão difíceis de se repetir. Ou poderia citar que tenho consideração por saber que ela dividiu um naco considerável de vida comigo. Para qualquer uma das alternativas, ela retrucaria: “Eu quero olhar para frente...”. Bom, os gatos ficariam com ela. Dizem que eles não sentem falta de ninguém. Eles se apegam mesmo ao lugar. Acenei para o táxi. O taxista, que tinha cara de noites insones, queria saber para onde iríamos. Pedi que seguisse adiante. No caminho, teria alguma ideia.

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