segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Os Chatos Típicos e Um Que Não Entende Nada de Mulher


Cerveja de litro gelada a 8 reais. É o resumo do que é a espelunca. Mas passa jogo do Inter e tem mesa de snooker de fichinha. Então, eu o Pedro volta e meia acabamos lá.

Não recordo todos os detalhes. Sei que o Inter ia mal. Perdia por 1x0. E quando o Inter vai mal, ficamos um pouco chateados. Mesmo tendo vivido a década de 90, é triste assistir o Inter perder. Geralmente, trocam passes sem sal, de um lado para outro. É angustiante.

Mas tinham outros problemas naquela tarde, naquele bar. Um sujeito não parava de pedir goles ou um copo da nossa cerveja. Ok, era um chato conhecido. Podia beber um pouco. Também tinha um gremista, sorrindo de forma comedida a cada erro colorado. Secando, metendo olho gordo a cada tabela, a cada chute. E o cara do rádio. Meu Deus, sempre tem o cara do radinho colado no ouvido ou com fone...

Assistir na TV com alguém ouvindo, ao mesmo tempo, no rádio é de lascar. Em razão da velocidade da transmissão, o desgraçado do radinho sempre antecipa o que esta por acontecer, desviando o foco da televisão. É inevitável, você fica de olho. Daí, ele faz uma carranca. Pronto. Alguns segundos depois a imagem da TV comprova a falha no ataque colorado. Desgraçado!

Pedro, com seu 1.68 de altura ("tamanho do Romário"), não se conteve.

- Tu não vai parar de ouvir esse radinho?
- Mas eu não tô fazendo nada...
- Não quero saber. Tu quer te incomodar?!

Ei, ei, ei! O pessoal do deixa disso apaziguou. Mas os chatos típicos seguiam. O pedinte, o gremista secador e o cidadão com o rádio. O ambiente estava insuportável. O Inter se arrastava lentamente para uma derrota, quando um desconhecido, em uma mesa distante, sabe lá por quê, inventou falar mal das gordinhas. Acho que contava piadas sobre elas.

Pedro se ergueu outra vez. Tentei segurá-lo, em vão.

- Que tu sabe de mulher, hein? Me diz, que tu sabe? Tu não sabe porra nenhuma de mulher...

Cheguei a tempo de soltá-lo do pescoço do outro. Acalmei a situação. Ponderei, era melhor ir embora. Pedro concordou. Antes de sair, o chato pedinte perguntou se não tomaríamos o resto da cerveja que ficou na garrafa. O do radinho, concentrado no jogo, abaixou a cabeça e quase se encolheu na cadeira, parecia padecer de algo abrupto. Em segundos, a TV confirmaria gol do adversário. 2x0. Na hora, o gremista pulou da cadeira de plástico, aquelas amarelas com propaganda da Skol, e berrou.

- Chupa, Pedro!!!!

Não tinha o que fazer. Que tarde de merda...